quinta-feira, 18 de novembro de 2010

educação ou falta dela

Um destes dias, ao fazer zapping, deparei-me com um programa desses de decoração ou remodelação ou coisa parecida. Normalmente não tenho paciência para ver esse tipo de programa, por um lado porque acho mesmo não ter qualquer interesse mas sobretudo porque não aguento o artificialismo da coisa. Adiante.

Desta vez, porém, no momento em que mudei de canal pareceu-me ouvir algo que não me parecia possível ser dito. Voltei a colocar nesse canal e fiz o esforço de ficar a ver. E, de facto, não me tinha enganado: voltei a ouvir a mesma coisa. Mais ainda, repetiu-se várias vezes e com palavras diferentes.

Passo a explicar: o tal programa de decoração, que passava num canal predominantemente nortenho (mas acredito que não foi esse o motivo para o que se passou), era apresentado por uma pseudo benzoca, uma tia wanna be, a dar ares de educada, culta, detentora de bom gosto inatingível e apreciadora de artes e afins. Falava com um sotaque que é, na minha opinião, o pior sotaque de todos que se podem ter: não admitindo a acentuação própria da sua região, também não conseguia falar sem qualquer sotaque; pelo contrário, fazia algo muito característico de alguns locais do Porto que é tentar disfarçar a cantiga própria da cidade, adulterando e conferindo entoações (letras até, nalguns casos) às palavras. Só para dar dois exemplos, na boca destas pessoas, palavras como “queijo” ou “semana” passam rapidamente a «cajo» e «semêna». Enfim…. Ora esta senhora, com este sotaque odioso (há muito quem lhe chame “fozeiro”) e com aquele ar de quem sabe muito, falando com o designer do espaço que apresentavam, não se cansou de atirar pérolas como “fizestes”, “usastes”, “pusestes”, “utilizastes” e “dissestes”, isto entre outras que agora não recordo e, acredito, outras que posso não ter ouvido. Sim, porque eu apenas assisti aos últimos cinco minutos do programa. E, só para que fique esclarecido, a senhora não tratava o designer por “vós” mas sim por um familiar “tu”.

Não posso deixar de emitir duas pequenas observações: uma para a senhora e outra para o canal. Minha senhora, se quer ser realmente educada trate de conhecer bem o seu idioma em vez de disfarçar sotaques ou citar “trabalhos” de arquitectos. Senhores directores de canais, garantam que quem apresenta os vossos programas consegue comunicar sem dificuldade mas de forma correcta.

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